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PERGUNTAS FREQUENTES

Acne em setembro: Porque as espinhas voltam na nova estação?

Olá a todos. Deixem-me ser direta! Vou contar-vos o que realmente acontece no balcão da farmácia, nos primeiros dias de setembro. Reconhecemos inúmeros rostos, clientes que há três meses nos asseguravam que "finalmente tinham encontrado a solução" para a sua acne. O sol, diziam sempre, é a melhor solução que alguma vez tinham tido.

Agora estão aqui, alguns visivelmente constrangidos, outros revoltados, mas a maioria genuinamente confusa. "Doutora, não percebo. A minha pele estava ótima. O que é que aconteceu?"

Bem, aconteceu setembro. E a acne que vem com ele.

 

Então, o que acontece no verão?

Vamos parar de romantizar o que o sol faz à nossa pele. Durante anos, ouvimos a mesma conversa: "Ah, vou de férias para o Algarve, que isso resolve-me a acne". E nós ali, a tentarmos explicar que não é bem assim, enquanto vemos os olhos a revirar e a certeza absoluta de que desta vez vai ser diferente.

A verdade é esta: o sol não cura a acne. Camufla, disfarça, engana… mas curar? Nem por isso.

Durante estes meses de verão, a vossa pele fez exatamente o que tinha de fazer para se proteger dos raios UV, ou seja, engrossou. Imaginem uma armadura microscópica que se forma para vos defender. Só que essa armadura tem um problema, fecha as saídas e o sebo que as vossas glândulas produzem fica aprisionado lá dentro, à espera. E mais, vocês próprios contribuíram para isto sem saber. Entre o protetor solar aplicado religiosamente, o suor constante, aquela pressa matinal de sair de casa para apanhar sol, quantas vezes limparam realmente bem a pele? Quantas vezes saltaram a rotina de cuidados porque "estava tudo controlado"?

 

Setembro, quando tudo recomeça…

Agora, com os dias mais frescos, acontece o inevitável. A pele começa a voltar ao normal, aquela "armadura" fica mais fina e três meses de sebo acumulado são libertados de uma só vez. É como abrir uma barragem. Ontem mesmo, recebi uma cliente que me disse: "Acordo de manhã e é como se tivesse crescido borbulhas durante a noite. Isto é normal?" Normal? Normal não é… Esperado? Absolutamente!

O que vocês estão a viver tem nome: efeito rebote ou rebound pós-verão. E afeta cerca de uma em cada quatro pessoas que sente "melhoria" da acne durante o verão.

 

O que ninguém conta!

Deixem-me partilhar algo que aprendi em 16 anos de profissão: A acne não é democrática! O que resulta com a vossa amiga pode ser um desastre para vocês. Aquela prima que jura que água salgada resolveu tudo? Provavelmente tem um tipo de pele completamente diferente do vosso. Já para não mencionar todas a turbulência hormonal que pode interferir nestes casos. 

Recentemente, uma jovem (devia ter cerca de 25 anos) contou-me como se sentia "um monstro" durante a adolescência por causa da acne severa. Passou por vários dermatologistas, cada um com a sua receita milagrosa, até que encontrou um médico que a ouviu verdadeiramente que lhe disse algo como: "Não posso dizer a um paciente para relaxar, que existem acnes piores. É a pele dele, é a experiência dele”.  Esta frase mudou tudo, e devia mudar para todos nós!

 

O Que Realmente Funciona, em 2025

Sendo prática e depois de anos a acompanhar a inovação e a testar tratamentos estes são os desenvolvimentos que realmente fazem a diferença:

  1. Combinações com antibacterianos, peróxido de benzoílo, retinol:

    • A grande novidade de 2024-2025 são as combinações triplas. Já não é preciso aplicar vários produtos separados e torcer para que se dêem bem uns com os outros. No entanto estas formulações carecem de prescrição médica, pois são ativos muito intensos, que precisam de uma correta avaliação e ajuste a cada caso.

  1.  O Microbioma: A descoberta do século

    • Aqui é onde a ciência realmente nos surpreendeu. Descobrimos que a nossa pele tem um ecossistema complexo de bactérias, e quando esse equilíbrio se quebra, como acontece após um verão de excessos e mudanças de rotina, a acne explode. Existe um artigo aqui no blog acerca deste tema, muito interessante. Explicando de uma forma resumida, os novos tratamentos com probióticos cutâneos não eliminam todas as bactérias como os antibióticos tradicionais. Em vez disso, fortalecem as "boas" para que estas protejam naturalmente a pele. (Exemplo: Lactobacillus e Bifidobacterium aplicados topicamente mostraram reduções significativas da acne em estudos de 2025).

Ingredientes que não falham:

  • Niacinamida: Se tivesse de escolher um só ingrediente para recomendar, seria este. Regula a produção de sebo, reduz a inflamação, fortalece a barreira cutânea e ainda ajuda com as marcas. Entre 5-10% de concentração, é praticamente infalível;

  • Ácido Azelaico: O ingrediente subestimado que trata tudo: acne ativa, marcas, inflamação. Funciona de dia, funciona de noite, combina com quase tudo.

  • Bakuchiol: Para quem tem pavor dos retinóides ou pele sensível. Estudos, já de 2014, confirmam que é quase tão eficaz quanto o retinol, mas sem os efeitos secundários.

 

O Protocolo de Socorro para Setembro

Semana 1-2: Situação de Emergência

 

  • Parem com tudo o que estavam a usar no verão, ou melhor, tudo excepto o protetor solar;

  • Limpeza suave duas vezes por dia. Nada de esfoliar como desesperados e muito menos usar esfoliantes físicos… (aqueles com grãos);

  • Niacinamida 5% de manhã;

  • Hidratante simples, preferencialmente com ceramidas para repor a barreira.

 

Semana 3-4: Construção da qualidade da pele

 

  • Introduzir ácido salicílico 2% à noite, dias alternados;

  • Manter niacinamida de manhã;

  • Introduzir nova hidratação, podendo ter probióticos, se a inflamação persistir.

 

Semana 5-8: Estabilização

 

  • Ácido azelaico à noite nos dias sem salicílico;

  • Continuar niacinamida de manhã;

  • Hidratação adequada - pele desidratada produz mais sebo.

 

Semana 9+: Manutenção

 

  • Introdução gradual de retinóides ou bakuchiol (à noite, podendo ser alterando com o ácido azelaico). Avaliar sempre a sensibilização da pele;

  • Manter probióticos, se possível, como prevenção;

  • Proteção solar não comedogénica, sempre.



Vou colocar agora alguns exemplos de produtos para criarem a vossa rotina:

 

 

Produtos a Evitar Temporariamente:

  • Esfoliantes físicos (grãos, esferas);

  • Ácido glicólico em concentrações altas;

  • Produtos com álcool nas primeiras posições da composição;

  • Múltiplos ativos em simultâneo nas primeiras semanas (a menos que prescritos e/ou devidamente aconselhados).



A realidade do problema…

Muitas vezes chegam casos de clientes que passam por dermatologistas acompanhados repetidamente da mesma receita: antibiótico oral, por vezes outro tópico e "paciência". E resulta com frequência, mas nem sempre, além de que muitas vezes não existe posteriormente uma rotina adequada e preventiva de novas situações.

A diferença? Ouvir verdadeiramente o que nos dizem e adaptar o tratamento a cada estilo de vida, e explicar cada passo do processo. Não há fórmulas mágicas, mas há ciência aplicada com humanidade.

 

E novidades?

A investigação não pára. Já temos no mercado terapias com luz LED específica que fazem targeting ainda mais preciso das bactérias acneicas. Os peptídeos bioactivos prometem modular a resposta inflamatória a nível celular. E a medicina personalizada chegou aos cuidados de pele, incidindo em análises do microbioma individual para tratamentos completamente customizados.

 

Conclusão

Se há algo que aprendi até hoje é o seguinte: não existem peles iguais, não existem acnes iguais, não existem soluções universais. Mas existe ciência, existe conhecimento acumulado e existem tratamentos que funcionam quando aplicados corretamente. A acne de setembro não é uma condenação. É um problema com solução, desde que abandonemos os mitos, as receitas da avózinha e confiemos na evidência científica. A vossa pele passou por muito durante o verão. Agora temos as ferramentas mais avançadas da história da dermatologia para a restaurar. Não precisam de sofrer em silêncio, não precisam de se esconder, não precisam de aceitar que "é assim mesmo".

Setembro pode ser o início da melhor fase da vossa pele!

 

Débora Silva, Técnica de Farmácia

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